A Crise e a Crisálidas

A Crise e a Crisálidas

2 de outubro de 2006

“Quando uma porta se fecha, outra se abre; mas às vezes ficamos tanto tempo olhando para a porta fechada que não vemos a outra que já se abriu para nós.”
Alexander Graham Bell

Crisálidas de borboleta
O estágio de crisálida* em muitas borboletas é o único aonde elas pouco se movem ou não o fazem. Entretanto, muitas pupas de borboletas são capazes de mover seus segmentos abdominais para produzir sons que possam afugentar potenciais predadores. Dentro das crisálidas ocorre o processo de crescimento e diferenciação sexual. As borboletas adultas emergem destas e expandem suas asas para bombear sangue pelas veias. Esta rápida e brusca mudança é chamada metamorfose.
O mesmo processo ocorre com as mariposas, mas como às vezes a crisálida contém uma espécie de seda protetora, a pupa é chamada de casulo.
(* pt.wikipedia.org/wiki/Crisálida )

Periodicamente todos nós passamos pelo processo de transformação. Umas, são pequenas, sem muitos abalos; outras são grandes e chegam até nós como um tufão que vai levando tudo pela frente, mudando todo o cenário onde nos encontramos solidamente instalados…

Quando esse tipo de mudança ocorre em nossa vida, geralmente ficamos perplexos, tensos, desesperançados, magoados, enraivecidos, descrentes, sem rumo certo, ou qualquer outra reação que nos abala emocionalmente.

O efeito dessas emoções é devastador no ser humano. Quase sempre é acompanhado por enfermidades de curta ou longa duração, a depender de como a pessoa reage a esse período de mudanças.

Falo mudanças porque são muitos os fatores envolvidos num processo como esse.

Esse tufão em nossa vida pode ser:

• a morte de um ente querido e especial
• desemprego
• transferência inesperada para outra cidade
• mudança de grupo de atividade social a que pertencemos
• troca súbita de status social
• separação afetiva
• grande mudança interior

Quando essas alterações vão se repetindo em nossa vida, adquirimos uma certa habilidade em detectar a chegada de um sopro renovador.

Vejamos alguns sinais característicos:

• o que antes era tão estável passa a ficar incerto
• passamos a encontrar portas fechadas
• pessoas amigas mudam sua forma de relacionar-se conosco
• os recursos para nossas atividades ficam escassos
• adoecemos com facilidade
• ficamos deprimidos ou irritados sem saber mesmo porquê
• paira no ar um clima estranho e desconfortável
• sonhamos, temos pressentimentos ou somos alertados por alguém sensitivo
• perdemos o controle da situação

Lembramos da cena em que os apóstolos passaram a noite tentando pescar e nada encontraram. Até que perto do amanhecer Jesus, ressurgindo inesperadamente após sua crucificação, se aproxima da praia onde os pescadores estavam e orienta-os: Lançai vossas redes para a direita! E a embarcação quase não suporta o peso de tantos peixes que eles recolheram em suas redes!… (1)

Esses sinais listados nos mostram que estamos lançando as redes para o lado da escassez… E a crise chega para nos mostrar o lado direito, o lado da amorosidade e da conexão com o Cristo interior.

Também precisamos estar atentos para o inesperado, seguindo o conselho de Heráclito: Espere o inesperado ou você não o encontrará. (2)

Chegando o cansaço e a noite escura da alma, surge uma luz que guia para novos rumos, para novas oportunidades onde continuaremos o serviço que nos foi confiado.

O importante é sentir que não estamos sós. Alguém, no mundo mais sutil, nos orienta na direção certa, protege-nos nesse período de solidão e de brumas à nossa volta, cuida da crisálida que somos nós, confiantes de que teremos paciência suficiente para nos transformarmos em borboleta leve e multicolorida que embelezará as paisagens do mundo.

É essencial fazer silêncio interior para abrir o coração à escuta.

Estamos a serviço de Deus na Terra, e Ele, melhor do que nós sabe aonde deveremos estar.

Out./2006

Referências:
(1) João – 21:6
(2) von Oech, Roger. Espere o inesperado ou você não o encontrará: uma ferramenta de criatividade baseada na ancestral sabedoria de Heráclito. Rio de Janeiro; Bertrand Brasil, 2003

“Um dia, uma pequena abertura apareceu num casulo; um homem sentou e observou a borboleta por várias horas, conforme ela se esforçava para fazer com que seu corpo passasse através daquele pequeno buraco.

Então pareceu que ela havia parado de fazer qualquer progresso. Parecia que ela tinha ido o mais longe que podia, e não conseguia ir mais. Então o homem decidiu ajudar a borboleta: ele pegou uma tesoura e cortou o restante do casulo. A borboleta então saiu facilmente.

Mas seu corpo estava murcho, era pequeno e tinha as asas amassadas. O homem continuou a bserva-la, porque ele esperava que, a qualquer momento, as asas dela se abrissem e esticassem para serem capazes de suportar o corpo que iria se afirmar a tempo. Nada aconteceu!

Na verdade, a borboleta passou o resto de sua vida rastejando com um corpo murcho e asas encolhidas. Ela nunca foi capaz de voar.

O que o homem, em sua gentileza e vontade de ajudar não compreendia, era que o casulo apertado e o esforço necessário à borboleta para passar através da pequena abertura era o modo pelo qual Deus fazia com que o fluido do corpo da borboleta fosse para as suas asas, de forma que ela estaria pronta para voar uma vez que estivesse livre do casulo.

Algumas vezes, o esforço é justamente o que precisamos em nossa vida. Se Deus nos permitisse passar através de nossas vidas sem quaisquer obstáculos, ele nos deixaria aleijados. Nós não iríamos ser tão fortes como poderíamos ter sido. Nós nunca poderíamos voar. ”

Da internet
Wallace Leal Rodrigues também escreve sobre o mesmo tema no livro “E, para o resto da vida…”

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