Atenção, Concentração e Meditação

Atenção, Concentração e Meditação

2 de setembro de 2009

Temos recebido, por diversos meios, convites para que mantenhamos postura de atenção, de concentração e de meditação, a fim de que os resultados do nosso esforço conjunto sejam satisfatórios.

Nem sempre, porém , compreendemos o que essas palavras significam.

Edgar Armond, no livro Mediunidade, define-as de maneira bem clara.Diz ele: “Atenção é o ato mediante o qual a mente, em estado receptivo e vigilante, volta-se para dado objeto, assunto ou acontecimento, no sentido de receber impressões sobre eles. É um ato passivo, de recepção de impressões ambientes.” Semelhante estado alcançamos, quando nos deparamos com algum objeto, ou alguma paisagem nunca vistos antes. O nosso olhar percorre-os, apreendendo impressões sem pensamentos preconcebidos.

Como nem sempre nos deparamos com situações novas, poderemos exercitar a atenção olhando para o que nos cerca como se os víssemos pela primeira vez, evitando pensamentos tidos anteriormente a seu respeito. Observemos, também, as pessoas do nosso relacionamento, especialmente aquelas com as quais não simpatizamos. Passemos a vê-la sob nova óptica, sem envolvimento emocional, descobrindo suas qualidades e atrativos.

Exercitando a atenção, veremos quantas coisas novas assimilamos, enriquecendo nossa alma. Quando, numa reunião ou aula qualquer, por exemplo, nos conclamam a prestar atenção a quem fala, estão querendo dizer que, apesar de conhecermos o assunto abordado, a nossa mente deverá estar receptiva para compreender o tema sob nova interpretação, com enfoque diferente.

Da mesma forma deveremos agir, quando alguém se aproxime com intuito de conversar conosco. Em vez de completarmos a frase (o que nem sempre fazemos acertadamente) , deixemo-lo falar à vontade, sem prepararmos na mente o que iremos responder, prestando toda atenção possível ao interlocutor. Poderemos repetir o que ouvimos, se quisermos, de forma sucinta, certificando-nos se entendemos exatamente o que nos foi dito, evitando assim mal-entendidos que geram dissabores. A atenção é um passo dado para a aquisição da paz interior.

 

II

 

Definindo a concentração, Edgar Armond nos fala: “Ato mental intensamente ativo, mediante o qual focamos a mente sobre dado ponto de interesse, com a idéia deliberada de obter determinado efeito, atingir determinado fim. ”

Treinados em manter a mente atenta, o próximo passo é dirigi-la para obtenção de objetivos definidos. Se nos encontramos numa atividade de estudo ou num trabalho minucioso, o objetivo central é a aprendizagem ou a desincumbência satisfatória dessa tarefa. Desse modo, nosso dever será o de fixar a mente nesse objetivo, utilizando os recursos disponíveis ao nosso alcance para lograrmos êxito.

Existem várias técnicas para o desenvolvimento da concentração em livros especializados. Em nosso dia-a-dia, sem interrupção das atividades, poderemos treiná-la, desempenhando atividades com o pensamento concentrado exatamente naquilo que estamos fazendo. Exercitemos viver o presente sem divagações para o futuro ou para o passado.

Para quem se aborrece lavando louças, um bom treino é tentar lavá-las sem fazer barulho, permitindo que se ouça apenas o som tranqüilizador da água que cai. Quando atingirmos um bom grau de concentração, poderemos fazer trabalhos que costumamos executar a sós, em meio a qualquer barulho, pois estaremos tão concentrados naquilo que fazemos que nada em volta nos pertubará. E assim, galgaremos mais um degrau para a obtenção da paz.

 

III

 

Segundo Edgar Armond, a meditação é o “ato psíquico segundo o qual a mente inicialmente concentrada em dado ponto de interesse, entra-lhe na intimidade pela sucessão contínua de detalhes, remontando de efeitos a causas, de antecedentes a conseqüentes, para afinal obter conclusões gerais, percepções e conhecimentos de caráter integral.

“A mente segue uma esteira de análises parciais, sem objetivo marcado, numa harmoniosa associação de idéias, atingindo, por fim, um resultado desconhecido, não previsto ou concebido previamente.” Muitas são as maneiras de se fazer meditação.

Para alguns, se faz necessário tomar certas posturas, para outros é preciso ouvir música lenta e uns dizem que nada disso é imprescindível. Joanna de Ângelis, no livro Momentos de Meditação, diz-nos que “a meditação deve ser atenta, mas não tensa, rígida”. E continua: “Concentra-te, assentado comodamente, não porém, o suficiente para amolentar-te e conduzir-te ao sono.”

Prossegue, mais adiante, que deveremos buscar um “lugar asseado, agradável, se possível, que se te faça habitual, enriquecendo-lhe a psicosfera com a qualidade superior dos teus anelos”. E sugere que tomemos um ensinamento do Evangelho para meditar e procurar vivenciá-lo, perseverando sempre nesse intento até que se torne um hábito executado com facilidade.

Ângela Maria la Sala Batá tomou do que foi melhor escrito sobre o assunto por diversos autores e condensou, de forma acessível e didática, no livro O Espaço Interior do Homem. É um trabalho que precisa ser lido e estudado por tantos quantos se interessem pelo assunto. Dentre outras coisas importantes, ela classifica a meditação em psicológica e espiritual.

Na primeira, iniciamos o processo com o relaxamento do corpo físico alcançado através de exercícios físicos de relaxamento, fartamente divulgado por livros e cursos de diversos orientadores. Depois, vem a tranqüilização do corpo emotivo ou astral, atingida pela visualização de imagens que inspirem calma ou utilização de mantras e músicas. Em seguida, passaremos para o silêncio e a calma do corpo mental, através de concentração e reflexão sobre um tema, até alcançar seu significado simbólico e universal. Poderemos usar como tema, também, o nosso mundo íntimo, o que somos, nossos defeitos e conquistas, assim como os objetivos que desejamos atingir. Nesse ponto, passaremos para a meditação espiritual, uma vez que atingimos o alinhamento dos corpos inferiores.

Aprofundando, buscaremos a gradativa superação do pensamento discursivo e a experiência cada vez mais profunda do silêncio mental. Os pensamentos tornam-se semelhantes a vultos que vêm e se vão, sem nos incomodar.

Passaremos, em seguida, a estabilização do centro de verdadeira auto-consciência, com a capacidade de “atenção ativa”, conseguida com a desidentificação. Deixaremos de nos ver como personalidade e seremos o ser espiritual, a essência divina, que não tem nomes nem posição social, espírito eterno, com todas as suas aquisições e aspirações. Aí, nossa consciência se expande e um sentimento de amor muito profundo nos invade, expandindo-se para toda a humanidade. Como Deus é amor, haverá um encontro com Ele, e nessa fusão, nós nos rendemos e nos abandonamos ao Divino, atingindo o ápice, o êxtase.

Nesse percurso, é comum acontecerem encontros espirituais que nos orientam e guiam a regiões elevadas, assim como atingimos percepções que facilitam o nosso viver, fortalecendo-nos interiormente.

Voltando a Edgar Armond, ele nos diz que “a atenção abre as portas da mente para o mundo físico; a concentração as fecha, abrindo-as para o psíquico; a meditação penetra no âmago das coisas pela análise, quase sempre introspectiva, enquanto que o êxtase desprende o Espírito do mundo material e o arroja no campo do invisível.”

Com estes exercícios atingiremos um estado profundo de paz interior, alargando os momentos de felicidade íntima e irradiando esta paz para os que nos cercam, expandindo-a, conseqüentemente, para o mundo inteiro, num trabalho benéfico de contágio pacificador. E haverá, então, paz na Terra.

Celeste Carneiro

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