Mandalas Terapêuticas

Mandalas Terapêuticas

2 de abril de 2013

As mandalas sempre exerceram um grande fascínio sobre mim. Era intrigante observar suas formas, as figuras colocadas simétricamente, a variedade de cores e de círculos.As mandalas tibetanas e indianas eram ricas de símbolos que eu queria apreender.

Em 1975, no Museu de Arte de São Paulo, aconteceu uma exposição em homenagem ao centenário de Carl Gustav Jung, organizada por Nise da Silveira, a psiquiatra que criou o Museu de Imagens do Inconsciente, no Rio de Janeiro. Eram mandalas pintadas por pacientes portadores de deficiência mental. Olhando aquelas pinturas pude perceber o valor incomparável que esse tipo de trabalho exerce sobre o equilíbrio do ser humano. Os pacientes da Dra. Nise da Silveira, instintivamente, pegavam os pincéis ou os lápis coloridos e iam fazendo círculos, colocando imagens dentro deles. Alguns faziam o centro do círculo, outros não se importavam com o centro…

Quando comecei a dar aulas particulares, intensifiquei o estudo sobre as mandalas, pedindo, oportunamente, que alguns alunos a pintassem.Um dia um aluno chegou com a fisionomia um tanto transtornada, trazendo algum problema íntimo que eu desconhecia. Dizia não estar em condições de prosseguir com o exercício pois “não estava com cabeça para nada”!

Pedi então que desenhasse e pintasse uma mandala do jeito que quisesse. Na semana seguinte ele chegou radiante. Disse que depois de haver pintado a mandala na aula anterior sentiu-se outra pessoa: mais calmo e mais confiante; percebeu que seus problemas não eram tão intransponíveis assim, e que o desenho lhe ajudou na solução daquilo que vinha lhe angustiando. Repeti a experiência com outros alunos e o resultado era sempre semelhante.Alguns nem queriam criar suas mandalas. Então eu pedia que escolhesse entre vários modelos de mandalas disponíveis, e pintasse simplesmente, escolhendo as cores intuitivamente, sem racionalizar muito. O efeito era o mesmo.

Na Escola Estadual Jesus Cristo, onde lecionava, em Salvador-BA, pedia também aos alunos para que criassem e pintassem mandalas. Era bonito ver a classe cheia de alunos, em torno de 50, desenhando e pintando em silêncio, aquietados pela mágica influência de um desenho milenar!… O estudo sobre a simbologia das cores, em obras de diversos autores, me fez perceber, através das pinturas dos alunos, os que se encontravam com dificuldades maiores no campo emocional. A princípio os encaminhava para terapias especializadas e mais tarde, quando comecei a fazer o atendimento individual, passei a orientá-los no processo de autoconhecimento. Estudando sobre a mandala, especificamente, encontrei recursos para melhor ajudar as pessoas, compreender a línguagem dos símbolos, da disposição das figuras no papel e a simbologia das cores e suas influências.

Percebi também que para beneficiar alguém com essa prática não é imprescindível uma “interpretação” da mandala. O simples fato da pessoa entrar em contato com essa imagem arquetípica, milenar, já traz benefícios. Para quem está em crescimento espiritual, buscando o auto-conhecimento e autoburilamento, é uma ferramenta de muita utilidade.

Significado

Mandala, palavra sânscrita, significa círculo e é associada a instrumento que facilita a meditação e o autoconhecimento, a ritos mágicos, assim como é usada, na arquitetura sagrada, como planta de templos, tendo relação também com o mundo exterior. Executada desde os primórdios da civilização, foi na Índia e no Tibete que encontrou maior utilização consciente, sendo difundida por todo o mundo, sensibilizando aqueles que estudam a alma humana e a busca pelo divino.

Carl G. Jung estudou-a em profundidade e junto com outros cientistas aplicou essa técnica de desenho para tratar pessoas e estimular o processo de crescimento do ser em busca da chamada individuação. Nela estão contidos os símbolos sagrados, como a circunferência, o círculo, o quadrado e o triângulo. Estes símbolos procuram fazer a integração do céu com a terra, do masculino com o feminino, do que está em cima com o que está embaixo, da alma com a matéria, do movimento com a estagnação, do positivo com o negativo, buscando o equilíbrio, o caminho do meio, a consciência da totalidade. A mandala mostra a alma humana com todos os seus enigmas, suas buscas, conflitos, aspirações.
Ao contemplarmos uma mandala estaremos entrando em contato com nosso íntimo, com a energia espiritual sagrada de todas as épocas e de todos os lugares, havendo uma unificação com o cosmo e com o divino.

Celeste Carneiro

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