O Cego de Nascença

O Cego de Nascença

3 de setembro de 2021

Era um espírito de certa elevação espiritual.

Não tinha mais débitos perante as leis divinas e ansiava crescer em direção ao Pai. A expiação não se fazia mais necessária, precisava, sim, de provar a si mesmo a firmeza de suas conquistas morais, a comprovação de que realmente conseguira iluminar-se com as virtudes adquiridas ao longo da sua caminhada.

Sentia necessidade de viver uma experiência na Terra, onde, pobre e cego de nascença, exercitaria a humildade e a resignação, com a oportunidade de, dia após dia, penetrar no mais recôndito do seu eu interior, recapitulando lições, revendo sentimentos, criando imagens próprias, buscando entender a grandeza de Deus…

Preparou-se então para reencarnar.

Viveu em Jerusalém, na época em que Jesus também vivia entre nós.

Sendo pobre e cego, passou a mendigar. Costumava ficar na porta do Templo de Jerusalém, e todos lhe conheciam e sabiam a sua história.

Aquele, era um dia especial.

Sendo já um homem, talvez na faixa dos trinta anos, aquietado nas suas perquirições, sentia uma integração com o todo universal, uma sensação de plenitude que o fazia sentir que tudo estava certo, nos seus devidos lugares e não havia mais anseios, desejo algum. Havia, sim, um cheiro de paz no ar…

Foi quando aconteceu.

Ouviu um leve burburinho e uns dedos delicados passando em seus olhos uma substância úmida e mole. Uma voz em forma de música celestial lhe diz para ir lavar-se na piscina de Siloé, ali próxima.

Ele vai, lava-se e… passa a ver!

E o que vê à sua frente? O Filho do Homem, o Cristo, o Salvador, a Luz do Mundo!
Ele que durante tantos anos buscava clarear o seu mundo íntimo, no momento em que consegue, recebe a graça divina de ver a luz do mundo trazida para ele por intermédio daquele que diz ser a própria Luz do Mundo!

Os seus olhos se iluminam ao encontrar o infinito no olhar daquele Mestre, que ele passa a considerar um Profeta, e a alegria espouca em seu íntimo, quais fogos de artifício em noite de festa. Sai correndo e mostra-se aos seus familiares, vizinhos, amigos e aos freqüentadores do Templo, liberto, convicto, seguro de si, confiante e pleno.
Não se incomodava com a incredulidade e frieza de coração dos que trabalhavam no Templo. Estava envolvido por outras vibrações, que só aqueles que passaram vitoriosos por longos testemunhos poderiam compreender…

Estava aberto ao novo e ao que elevasse o humano ao divino.

Encontra outra vez aquele que lhe dera luz aos olhos e ouve-o perguntar-lhe:

– “Crês no Filho do Homem?”

Ele responde com outra pergunta:

– “Quem é, Senhor, para que eu creia nele?”

Jesus lhe diz:

– “Já o viste, e é ele quem fala contigo.”

– “Creio, Senhor” e prostra-se diante dele.

Agora, estava consciente de quem lhe houvera restituído a visão, dando-lhe também luz interior.

Ele, que nada pedira, recebera tudo o que é mais sagrado: os “olhos de ver”.

Doravante, seus caminhos nunca mais seriam os mesmos…

Quando a modificação acontece no espírito, havendo um contato mais prolongado com o seu Cristo interno, as pessoas à sua volta não o reconhecem, não acreditam na sua transformação. Deixam de ver um mendigo de luz para assistirem a própria manifestação da luz, convidando indiretamente a que o acompanhem nesse roteiro plenificador.

Celeste Carneiro

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